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Regularização de Obra: Como Evitar Multas

A regularização de obra é um processo crítico para garantir a legalidade de construções, mas ainda gera dúvidas entre engenheiros, arquitetos e gestores de obras. Neste artigo, vamos desvendar o tema com exemplos práticos, dados reais e orientações técnicas para você evitar riscos jurídicos e financeiros.
O que é uma regularização de obra?
A regularização de obra consiste em adequar uma construção às normas legais e técnicas após sua execução. Isso inclui ajustar projetos, resolver pendências documentais e obter aprovações junto aos órgãos competentes. Em outras palavras, é o processo que transforma uma obra “irregular” em “regular” perante a prefeitura e outras instâncias.
Por que esse processo é tão importante?
Imagine uma construtora que ergueu um prédio comercial sem aprovação do projeto de prevenção de incêndio. Se houver uma fiscalização, a empresa pode receber multas diárias, embargos ou até a demolição parcial da estrutura. Em 2022, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) de São Paulo registrou 1.200 notificações relacionadas a irregularidades em obras, muitas delas resolvidas via regularização.
Além de evitar penalidades, a regularização é essencial para:
- Viabilizar a venda ou financiamento do imóvel;
- Garantir a segurança dos usuários (alinhamento às normas técnicas);
- Preservar a reputação profissional do responsável pela obra.
Quando a regularização é necessária?
Casos comuns incluem:
- Obras executadas sem alvará de construção;
- Alterações não previstas no projeto original (como ampliação de área);
- Descumprimento de leis municipais (ex.: recuos ou taxa de ocupação).
A base legal está na Lei nº 6.766/79 (parcelamento do solo urbano) e no Código Civil, que exigem conformidade com as regras urbanísticas.
Como fazer uma regularização de obra? Passo a Passo
O processo varia conforme o município, mas segue uma estrutura geral. Abaixo, detalhamos as etapas essenciais:
1. Verifique a documentação existente
Comece reunindo todos os documentos da obra:
- Projetos originais (arquitetônico, estrutural, elétrico);
- Alvarás e taxas pagas;
- Relatórios de vistoria (se houver).
Exemplo prático: Um cliente em Belo Horizonte descobriu que a planta da casa não incluía uma área de lazer construída há 5 anos. A solução foi regularizar essa ampliação para evitar problemas na venda do imóvel.
2. Contrate um Responsável Técnico (RT)
Um engenheiro ou arquiteto registrado no CREA deve assumir a responsabilidade técnica pelo processo. Ele fará:
- Vistoria para identificar inconsistências entre o projeto e a obra executada;
- Adequação dos projetos às normas atuais (ABNT, código de obras municipal);
- Elaboração de ART (anotação de responsabilidade técnica).
3. Prepare os projetos de regularização
Dependendo das irregularidades, podem ser necessários:
- Projeto arquitetônico ajustado: para corrigir alterações não autorizadas;
- Projeto de regularização fundiária: em casos de ocupação em área não urbanizada;
- Laudo técnico: para comprovar a segurança da estrutura.
4. Submeta à prefeitura e pague as taxas
Após a preparação dos documentos, o RT encaminha o processo à Secretaria Municipal de Urbanismo. É comum pagar:
- Taxa de análise de projetos;
- Taxa de emissão do novo alvará;
- Multas por construção irregular (calculadas com base no tempo da irregularidade).
Dica: Em cidades como Rio de Janeiro, o “Programa Mais Construir” oferece descontos em multas para quem adere à regularização voluntária.
Quanto custa para regularizar a obra?
O valor total depende de fatores como:
- Tamanho e complexidade da obra;
- Município (taxas variam entre cidades);
- Necessidade de reformas físicas (ex.: demolição de áreas irregulares).
Média de custos no Brasil (2023)
Item | Faixa de Valor |
---|---|
Projetos técnicos | R$ 3.000 a R$ 20.000 |
Taxas municipais | R$ 1.500 a R$ 15.000 |
Multas | Até 20% do valor venal do imóvel |
Laudos e vistorias | R$ 1.000 a R$ 5.000 |
Para obras residenciais de até 200 m², a regularização costuma sair entre R$ 5.000 e R$ 30.000. Em empreendimentos comerciais, os valores podem ultrapassar R$ 100.000.
Como reduzir os custos?
- Regularize antes de uma fiscalização (multas são menores);
- Negocie parcelamento de débitos com a prefeitura;
- Evite reformas estruturais: priorize ajustes documentais.
Qual ART para regularização de obra?
A anotação de responsabilidade técnica (ART) é obrigatória e define as responsabilidades do profissional envolvido. Para regularização, as mais usadas são:
ART de Regularização de Obras
Registra as atividades do engenheiro ou arquiteto na adequação da construção. Deve incluir:
- Descrição detalhada dos serviços (vistoria, ajustes de projeto);
- Nome do proprietário e endereço completo da obra;
- Número de matrícula do RT no CREA.
ART de Retificação de Projetos
Usada quando há necessidade de alterar projetos já aprovados. É comum em casos de ampliação de áreas ou mudança de uso do imóvel (ex.: residencial para comercial).
Cuidados na emissão da ART
- Verifique se o município exige ART específica para regularização;
- Atualize a ART sempre que houver mudanças no processo;
- Mantenha uma cópia registrada no CREA para validade jurídica.
Caso real: Um escritório de engenharia em Curitiba emitiu uma ART sem detalhar a demolição de um muro irregular. Durante uma vistoria, o cliente foi multado porque a ART não cobria essa etapa.
A regularização de obra não é apenas uma obrigação legal, mas um investimento na segurança e valorização do empreendimento. Profissionais que dominam esse processo ganham vantagem competitiva, especialmente em mercados com fiscalização rigorosa, como São Paulo e Minas Gerais.
Para evitar surpresas, inclua a regularização no planejamento inicial da obra e mantenha diálogo constante com a prefeitura. Lembre-se: o custo de regularizar é sempre menor que os riscos de uma construção irregular.