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O que Incluir no Seu Contrato de Obra

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A ausência de um contrato de obra robusto é um dos maiores erros que empreiteiros e clientes podem cometer. Documentos mal elaborados abrem espaço para conflitos, atrasos e custos extras — problemas que comprometem o sucesso de qualquer projeto. Neste artigo, você vai descobrir como estruturar um contrato que proteja ambas as partes, garantindo clareza, cumprimento de prazos e redução de riscos.


Por Que Ter um Bom Contrato de Obra?

Um contrato de obra não é apenas uma formalidade burocrática. Ele é a espinha dorsal que sustenta a relação entre cliente e empreiteiro, definindo direitos, deveres e expectativas. Imagine uma reforma residencial onde o cliente insiste em alterar o projeto após o início dos trabalhos, sem ajustar o prazo ou o orçamento. Sem um contrato claro, essa situação pode virar uma disputa judicial.

Problemas Comuns em Obras Sem Contrato Definido

  • Atrasos intermináveis: Sem datas de entrega estabelecidas, a obra pode se arrastar por meses.
  • Custos fora do controle: Mudanças não documentadas geram cobranças surpresa.
  • Responsabilidades nebulosas: Quem paga por um material danificado? Quem responde por um acidente no canteiro?

Um exemplo real: Em uma construção comercial em São Paulo, a falta de cláusulas sobre responsabilidade por atrasos causou uma briga entre empreiteiro e cliente. O projeto demorou 8 meses a mais, e ambos perderam dinheiro.

Um contrato de obra bem redigido previne esses cenários ao:

  1. Estabelecer prazos realistas e penalidades por descumprimento.
  2. Detalhar exatamente o que está incluso (e o que não está) no valor acordado.
  3. Definir quem responde por cada etapa do projeto.

Como Elaborar um Bom Contrato de Obra

A estrutura de um contrato de obra eficaz deve cobrir todas as variáveis possíveis. Abaixo, listamos os elementos indispensáveis:

1. Escopo da Obra: Detalhamento é Fundamental

Cláusula indispensável:

“O contrato abrange exclusivamente os serviços descritos no projeto anexo, incluindo [listar serviços: alvenaria, instalação elétrica, etc.]. Alterações requerem aditivo contratual.”

Por que funciona:

  • Evita que o cliente exija serviços não combinados (ex.: “Achava que o jardim estava incluído!”).
  • Proíbe o empreiteiro de usar materiais inferiores aos especificados.

Dica prática: Inclua plantas, especificações técnicas e até marcas de materiais como anexos.

2. Cronograma e Prazos: Rigor com Flexibilidade

Exemplo de cláusula:

“A obra inicia em [data] e termina em [data]. Atrasos por fatores alheios às partes (ex.: greves) permitem revisão do prazo sem multas.”

Estratégia:

  • Divida o projeto em etapas (ex.: fundação em 15 dias, estrutura em 30 dias).
  • Estipule multas progressivas por atraso não justificado (ex.: 0,5% do valor por dia).

Caso real: Um hospital no Rio usou etapas intermediárias para liberar pagamentos conforme o avanço, mantendo o fluxo de caixa equilibrado.

3. Pagamento: Transparência Para Evitar Conflitos

Modelo de cláusula:

“Valor total: R$ 150.000, pagos em 5 parcelas vinculadas à conclusão de etapas (ex.: 20% na fundação). Atrasos no pagamento geram multa de 2% ao mês.”

Evite erros comuns:

  • Não vincule pagamentos a datas fixas (ex.: “todo dia 5”), mas sim a marcos do projeto.
  • Esclareça se impostos e taxas estão inclusos.

4. Alterações no Projeto: Regras Para Mudanças

Cláusula recomendada:

“Mudanças exigem aprovação por escrito e novo orçamento. O prazo será estendido proporcionalmente ao escopo alterado.”

Por que é crucial:

  • 70% das disputas em obras surgem de mudanças não documentadas (dados do SindusCon).
  • Exemplo: Um cliente em Brasília quis ampliar um quarto durante a obra. O aditivo contratual definiu custo extra de R$ 20 mil e 15 dias a mais.

5. Responsabilidades: Quem Faz o Quê?

Defina claramente:

  • Empreiteiro: Fornecer mão de obra qualificada, cumprir normas de segurança.
  • Cliente: Obter licenças, garantir acesso ao terreno.

Cláusula prática:

“O cliente deve entregar a documentação da prefeitura em até 10 dias. Após esse prazo, o empreiteiro pode cobrar adicional por tempo ocioso.”

6. Imprevistos: Prepare-se Para o Inesperado

Exemplo de cláusula:

“Eventos como chuvas prolongadas ou falta de materiais permitem revisão de prazos, desde que comprovados.”

Dica: Inclua um plano B para suprimentos (ex.: substituir marca X por Y caso haja falta).


Dicas para Evitar Problemas Durante a Execução

Além das cláusulas, adote práticas que fortaleçam o cumprimento do contrato de obra:

1. Exija Documentação Antes do Início

  • Checklist mínimo: Alvará de construção, ART do responsável técnico, projeto aprovado na prefeitura.
  • Caso prático: Um empreiteiro em Minas Gerais recusou-se a iniciar a obra até o cliente regularizar o IPTU. Evitou multas e embargo.

2. Registre Tudo Por Escrito

  • Use e-mails ou plataformas de gestão para aprovar alterações.
  • Exemplo: Um aplicativo como o Trello foi usado em uma obra em Curitiba para registrar todas as decisões do cliente, servindo como prova em caso de disputa.

3. Faça Vistorias Periódicas

  • Combine inspeções semanais com cliente e equipe.
  • Benefício: Identifica desvios no escopo antes que virem problemas maiores.

4. Limite o “Achismo” do Cliente

Inclua no contrato:

“O cliente concorda que decisões técnicas (ex.: tipo de fundação) são de responsabilidade exclusiva do engenheiro responsável.”

Justificativa: Evita interferências sem embasamento, como um cliente que insistia em reduzir vigas para “economizar”, colocando a estrutura em risco.

5. Defina Multas Para Ambos os Lados

  • Cliente: Multa por atraso no pagamento ou na entrega de documentos.
  • Empreiteiro: Multa por atraso na entrega ou não conformidade com normas.

Equilíbrio: Em um contrato no Nordeste, ambas as partes pagavam 0,1% do valor por dia de atraso, incentivando cumprimento mútuo.


Um contrato de obra bem estruturado é como um mapa detalhado: mostra o caminho, prevê obstáculos e garante que todos cheguem ao destino sem surpresas. Invista tempo na elaboração, personalize as cláusulas conforme o projeto e, se necessário, consulte um advogado especializado. Lembre-se: o objetivo não é criar entraves, mas assegurar que a relação entre as partes seja pautada pela transparência e profissionalismo.

No final das contas, um bom contrato não resolve apenas problemas — ele evita que eles aconteçam.