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Composição de Custos em Obras: O Que Todo Profissional Precisa Saber

A composição de custos é um dos pilares fundamentais para o sucesso de qualquer projeto na construção civil. Seja uma reforma residencial ou um empreendimento de grande porte, entender como os custos são formados e como gerenciá-los é essencial para evitar desperdícios, atrasos e prejuízos financeiros. Neste artigo, vamos mergulhar no universo da composição de custos, explicando conceitos, exemplos práticos e elementos críticos que todo engenheiro, gestor ou construtora deve dominar.
O Que É Composição de Custos em Obras?
A composição de custos é um método detalhado de quebrar todos os gastos envolvidos em uma obra em itens específicos, desde materiais e mão de obra até equipamentos e serviços terceirizados. É como uma “receita de bolo” que lista cada ingrediente necessário, suas quantidades e preços, permitindo um controle preciso do orçamento.
Por exemplo, ao construir uma parede de alvenaria, a composição de custos não se limita a calcular o valor do tijolo. Ela inclui:
- Quantidade de tijolos por metro quadrado;
- Argamassa necessária;
- Horas de trabalho do pedreiro;
- Equipamentos como betoneira e ferramentas;
- Custos indiretos, como transporte e logística.
Essa granularidade evita surpresas no orçamento e garante que todos os aspectos da obra sejam considerados.
Como Fazer Composição de Custos: Passo a Passo e Exemplos Práticos
Vamos à prática. Criar uma composição de custos envolve 4 etapas principais:
1. Levantamento Quantitativo
Liste todos os materiais, serviços e mão de obra necessários. Use projetos arquitetônicos e memorial descritivo como base.
- Exemplo: Para uma laje de concreto armado, calcule o volume de concreto, quantidade de aço, formas de madeira e horas de carpinteiros.
2. Pesquisa de Preços
Cotize cada item em pelo menos três fornecedores diferentes. Considere prazos de entrega, condições de pagamento e qualidade.
- Dica: Negocie descontos para compras em grande volume.
3. Cálculo dos Custos Diretos e Indiretos
- Custos diretos: Materiais, mão de obra e equipamentos utilizados diretamente na execução (ex.: cimento, serviço de concretagem).
- Custos indiretos: Despesas administrativas, segurança do trabalho, taxas de licenciamento e custos financeiros.
4. Aplicação de BDI (Bonificações e Despesas Indiretas)
O BDI é um percentual adicionado ao custo total para cobrir lucro, impostos e riscos do projeto. Geralmente varia entre 15% e 30%, dependendo do porte da obra.
Caso real: Em uma obra de 500 m², o custo direto foi R$ 300.000, e o BDI de 20% elevou o valor final para R$ 360.000.
Elementos Que Compõem o Custo de uma Obra
A composição de custos é formada por três grandes grupos:
1. Materiais
Representam até 50% do custo total. Incluem insumos como cimento, aço, tijolos e tubulações.
- Desafio: A volatilidade de preços de materiais como o aço exige atualizações constantes no orçamento.
2. Mão de Obra
Custos com profissionais (pedreiros, encanadores) e encargos trabalhistas. Em obras residenciais, pode chegar a 30% do orçamento.
- Estratégia: Treinamento de equipes reduz retrabalho e aumenta produtividade.
3. Equipamentos e Serviços Terceirizados
Aluguel de máquinas, serviços de terraplanagem ou instalações elétricas.
- Exemplo: O aluguel de um caminhão betoneira custa em média R$ 500 por dia.
Erros Comuns na Composição de Custos e Como Evitá-los
1. Subestimar Custos Indiretos
Muitos gestores esquecem de incluir despesas como licenças ambientais ou custos com segurança.
- Solução: Reserve 10% do orçamento para imprevistos.
2. Não Atualizar Preços de Materiais
A falta de acompanhamento do mercado gera diferenças entre o orçado e o real.
- Dica: Use planilhas automatizadas com índices de inflação setorial.
3. Ignorar a Produtividade da Mão de Obra
Calcular horas sem considerar o rendimento real da equipe leva a atrasos.
- Exemplo: Um pedreiro pode assentar 100 tijolos por dia, mas se a produtividade cair para 80, o custo aumenta 20%.
O Papel da Tecnologia na Composição de Custos
Softwares como Sienge, OrçaFascio e TQS revolucionaram o setor ao integrar:
- Banco de dados atualizado de preços de insumos;
- Cálculos automáticos de BDI e encargos;
- Comparativo entre orçado x realizado em tempo real.
Caso de sucesso: Uma construtora reduziu erros de orçamento em 40% após adotar um sistema de gestão integrada.
Estudo de Caso: Aplicação Prática da Composição de Custos
Em um projeto de construção de um edifício comercial em São Paulo, a composição detalhada revelou que:
- O custo do aço representaria 25% do orçamento;
- A mão de obra especializada (para fachada em vidro) exigiria contratação de terceiros;
- O BDI precisaria ser ajustado para 25% devido à complexidade logística.
Com esses dados, a equipe conseguiu negociar preços com fornecedores e evitar um rombo de R$ 200.000.
Dominar a composição de custos não é apenas uma questão de números – é uma ferramenta estratégica para garantir competitividade, lucratividade e qualidade nas entregas. Profissionais que investem tempo em detalhar cada centavo do orçamento estão mais preparados para enfrentar crises, gerenciar riscos e entregar projetos dentro do prazo.
Seja usando planilhas manuais ou softwares avançados, o segredo está na precisão e na atualização constante. Afinal, na construção civil, cada real economizado na fase de planejamento pode significar milhares preservados ao final da obra.